Obesidade e Cirurgia Bariátrica

A obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura no corpo do sujeito que adquire mais calorias do que perde, não podendo ser considerada somente hereditária, pois o ambiente familiar é, também, um fator significativo para desencadear a obesidade através de hábitos alimentares adotados. Pode ser causada por vários fatores, sendo eles genéticos, metabólicos, psicológicos, fisiológicos e, até mesmo, sociais. É considerada uma doença crônica, ou seja, é uma doença que não se resolve em um curto tempo e que pode persistir por um período superior a seis meses, portanto pode ser uma ameaça à vida diminuindo a qualidade de vida do paciente (Macedo e Cançado, 2009).Segundo o Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde (BRATS), a cirurgia bariátrica é recomendada principalmente para tratamento da obesidade mórbida, caracterizada pelo Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 40 Kg/m2, o IMC pode ser calculado dividindo-se o peso corporal pela altura ao quadrado.
Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – SBCBM (2011), no Brasil, entre os anos de 2003 e 2010, houve um aumento de quase 90% de cirurgias bariátricas realizadas no Brasil. Atualmente a cirurgia bariátrica vem destacando-se como uma forma de tratamento da obesidade mórbida na qual o paciente perde peso, prolonga a vida, melhora a qualidade de vida, diminui o risco de morrer e possibilita a remissão de doenças associadas à obesidade. Os riscos desse procedimento cirúrgico são os mesmos de uma cirurgia abdominal, como infecções, problemas com a anestesia, abertura da cirurgia, dentre outros (SBCBM, 2011).A maneira como o indivíduo compreende seu próprio corpo influencia o modo como ele percebe o ambiente que o cerca, possibilitando mudar a maneira de relacionar-se com as pessoas. O modo como a pessoa vivencia o processo de autoperceber-se pode ocasionar uma imagem negativa de si mesmo, alterar sua identidade, favorecendo, ainda, a vivência de depressão, fobias, anorexia, bulimia, dentre outros. Vale ressaltar que a insatisfação corporal pode atrapalhar o tratamento clínico pós-cirúrgico, já que interfere no comportamento, na saúde mental e na qualidade de vida do paciente. (ALMEIDA; ZANATTA; REZENDE, 2012).
No pós-operatório, é indicado ao paciente modificar seus hábitos alimentares, sociais e os comportamentais. O mesmo poderá ter dificuldade de adaptação ao novo estilo de vida e à mudança da imagem corporal, sendo consequências esperadas da cirurgia. Assim, é importante que haja um acompanhamento nutricional e psicológico para monitorar o tratamento (FANDIÑO et al; 2004).Merleau-Ponty (2011, p. 207-208) afirma: “eu não estou diante do meu corpo, estou em meu corpo, ou antes, sou meu corpo.” O corpo representa o que a pessoa é, ou seja, ele é totalidade, não apenas algo que se possui, mas a inserção do indivíduo no mundo.O corpo é um mediador entre a pessoa e o mundo, sendo natureza e cultura ao mesmo tempo, ou seja, comunica-se com os outros e com o mundo por meio dele, em que gestos e ações revelam os sentimentos. A consciência está também no corpo, e o pensamento consciente diante desse corpo orienta a ação do mesmo (PEIXOTO, 2012).Para Merleau-Ponty (2011), o corpo nada mais é do que a existência total, o fenômeno central do ser. O corpo não pode ser visto isolado, faz parte da existência do homem enquanto ser no mundo. Segundo Fernandes (2011, p. 140), “a essência do corpo não é corpo” visto que só pode ser compreendido por meio de seu sentido existencial, ou seja, de suas experiências.  Para Ribeiro (2009), o homem é um ser de passagem pelo mundo, encontra-se no universo em afinidade com ele, sendo diferente dos outros seres devido ao seu poder de atribuir sentido a si e ao universo.Por fim, como relatado por Merleau-Ponty (2011, p.108), “considero meu corpo, que é meu ponto de vista sobre o mundo, como um dos objetos desse mundo”. Então, o corpo representa o indivíduo como pertencente ao mundo.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S.; ZANATTA, D.; REZENDE F. (2012) Imagem corporal, ansiedade e depressão em pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v17n1/19.pdf; Acesso em 10.03.13.BRATS. Cirurgia Bariátrica no Tratamento da Obesidade Mórbida (2008); Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Brats5.pdf. Acesso em 15.03.13.
FANDIÑO, J.; BENCHIMOL, A. K.; COUTINHO, W. F.; APPOLINÁRIO, J. C. (2004) Cirurgia bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Disponível em Cirurgia bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Acesso em 19.04.13.
MACEDO, G. A. L.; CANÇADO, I. A. C. (2009). Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de 10 a 12 anos do ensino fundamental e de escola pública e privada do Município de Pará de Minas – MG. SynThesis Revista Digital FAPAM, Pará de Minas, v. 1, n. 1, p. 328-343, out. 2009. Acesso em 14.05.13.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, (original publicado em 1945).2011
PEIXOTO, A. J. (2012) Os Sentidos Formativos das Concepções de Corpo e Existência na Fenomenologia de Merleau-Ponty. Disponível em Revista da Abordagem Gestáltica – XVIII(1): 158-171, 43-51, 2012. Acesso em 20.05.13.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Vade-mécum de gestalt-terapia: conceitos básicos. São Paulo: Summus, 2006. Gestalt-Terapia de Curta Duração. São Paulo: Summus, 2009.
S.B.C.B.M. Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Acesso em 08.03.13.

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